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Curso de Enfrentamento às Mudanças Climáticas e ao Racismo Ambiental

Em abril de 2022, o Instituto de Referência Negra Peregum em parceria com a IYALETA – Pesquisa, Ciência e Humanidades e com o Centro Integrado de Direitos Humanos, programa de extensão da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), lançou as inscrições para a primeira formação do “Curso de Enfrentamento às Mudanças Climáticas e ao Racismo Ambiental”.

 

“É de extrema relevância pautar o racismo nas discussões sobre impactos ambientais e justiça climática, tendo em vista que a população negra, periférica e de comunidades tradicionais, em geral, são as mais afetadas pela degradação progressiva do meio ambiente causada pela ganância e pelo modo de produção capitalista”, afirma Izabela Santos, consultora ambiental do Instituto de Referência Negra Peregum.  

 

A iniciativa inédita selecionou 10 (dez) estudantes negros(as) de todo o território nacional, ingressos nas universidades públicas pelas Ações Afirmativas. Os estudantes selecionados para o ciclo de estudos foram contemplados com uma bolsa no valor de R$ 800 (oitocentos reais) mensais durante os 9 meses de formação com o projeto. 

 

 

O Curso tem a linha de pesquisa Racismo Ambiental e Mudanças Climáticas, que se propõe a pensar sobre a mundialização e sua materialidade em escalas diferentes do espaço brasileiro, de forma açodada e atroz, seguindo ideias e princípios neoliberais das últimas décadas. A partir do impacto das mudanças do clima já sentido na totalidade da população vivendo nas cidades ou no campo em territórios apropriados, expropriados e ocupados, pelas ações em múltiplas escalas que abarcam as diferenças e interesses do:

I) capital e das empresas sobre o Estado;
II) os agentes públicos no Estado;
III) os atores privados na sociedade;
IV) os movimentos e grupos sociais na reivindicação dos direitos;
V) e pelos sujeitos em defesa dos territórios, terras e territorialidades.

 

“Com este trabalho, possibilitamos a ampliação de conhecimento acadêmico sobre os estudos e pesquisas que envolvam mudanças climáticas e racismo ambiental. Além disso, sabemos quanto é difícil para estudantes negros e negras permanecerem na universidade, algo que o projeto contribuirá com as bolsas para estudantes cotistas, negras e negros nos cursos de graduação”, afirma Diosmar Filho, geógrafo, pesquisador da IYALETA – Pesquisa, Ciência e Humanidades, responsavel pelo projeto “Amazônia Legal Urbana – Análises Socioespaciais de Mudanças Climáticas”

 

“Estamos trazendo à tona esse assunto de forma pioneira ao convocar estudantes negros(as) a pesquisar e se engajar nessa causa tão essencial para as próximas décadas. Somos uma organização negra refletindo para que nossa população crie alternativas de vida e possibilidades de enfrentamento ao genocídio ambiental que se anuncia”, conclui Vanessa Nascimento, diretora-executiva do Instituto de Referência Negra Peregum.