COP28 – Associação de Pesquisa Iyaleta lança pesquisa sobre Desertificação no Brasil
“Caderno Iyaleta Vol. 05: Fatores do processo de Desertificação no Nordeste do Brasil: desafios para governança climática” foi lançado no Higher Education Pavilion pelo geógrafo Israel de Oliveira Jr.
DUBAI (EAU) – Na tarde de 03 de dezembro a Associação de Pesquisa Iyaleta em parceira com The Ubuntu Center da Drexel University, lançaram no Higher Education Pavilion na 28º Conferência das Partes da UNFCCC (COP28), a pesquisa “Fatores do processo de Desertificação no Nordeste do Brasil: desafios para governança climática”. O estudo é realizado no âmbito do projeto de pesquisa “Adaptação Climática: uma intersecção Brasil 2022-2024” desenvolvido pela Associação de Pesquisa Iyaleta com o apoio institucional do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O estudo tem como autor o geógrafo Dr. Israel Oliveira Júnior, bolsista pesquisador do Programa de Formação Iyaleta, responsável pelas análises sobre Áreas Suscetíveis a Desertificação (ADS) na Região Nordeste e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A pesquisa evidenciou que nos últimos 37 anos as ADS estão reduzindo, enquanto as áreas de desertificação estão aumentando. O estudo também revela que desmatamento tem aumentado as perdas e danos da sociobiodiversidade dos biomas da Caatinga e Cerrado.
O lançamento do Caderno Vol. 05 integrou o painel “Climate Change: a Transnational conversation”, com participação da Dra. Andreia Ferreira e do Me. Diosmar Filho, pesquisadoras e coordenação científica da Associação de Pesquisa Iyaleta (Brasil), da Dra. Catalina Moreno professora da University of the Arts London (Inglaterra), Me. Smaiellô Borges dos Santos, pesquisador do Ministério da Agricultura (Cabo Verde) e a Dra. Leonildes Nazar, coordenadora da iniciativa Amazônia Legal do Instituto Clima e Sociedade (Brasil), apoiadora da Associação de Pesquisa Iyaleta.
Abaixo, confira as principais evidências da nova publicação.
Evidências do estudo sobre Áreas Suscetíveis a Desertificação (ASD)
Destaque 01: As pressões exercidas na ASD têm elevado a quantidade de áreas de desmatamento dos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. O avanço das atividades agropecuárias foi contínuo durante os 37 anos de análise e a comparação entre os dados do mapa de uso e cobertura da terra de 1985 e 2022 expõe a redução de 104.338,5 km² de cobertura vegetal. Atualmente, a vegetação, designada como Floresta nos mapas, é encontrada em 54,6% da ASD. No entanto, os processos de fragmentação são visíveis, o que denota uma preocupação, como a contínua exposição das manchas de vegetação às ações antrópicas, que podem culminar em mais área desmatada.
Destaque 02: Os dados de alerta de desmatamento revelam mais preocupação, pois as perdas de vegetação foram acentuadas nos anos de 2019 a 2022. Em uma situação de crescimento contínuo, averiguou-se um comprometimento total de 11.818,14 km², em virtude da redução da cobertura vegetal. Embora os estados de Sergipe, Espírito Santo e Alagoas possuam a menor área de Floresta proporcional à totalidade da faixa territorial de cada um deles pela ASD, os avanços do desmatamento, sobretudo nos últimos anos, decorrem com maior força na Bahia, Piauí e Ceará.
Destaque 03: As situações evidenciadas são as condições que o Brasil tem mais contribuído para aumentar as emissões dos GEE nos últimos anos. Isso quer dizer que dois processos preocupantes do ponto de vista ambiental, econômico, social e políticos são aprofundados, a desertificação e as mudanças do clima. Com o alastramento deles, há, seguramente, um quadro de perdas referentes ao patrimônio ambiental, social e cultural.
Destaque 04: A pobreza, que ainda perdura, pode ser acentuada e atingir diretamente as populaçõesmais vulneráveis que habitam a ASD. Uma diversidade social marca a região, diante dos diferentes agrupamentos humanos presentes, como os quilombolas, povos originários, as comunidades de fundo e fecho de pasto, os pescadores e ribeirinhos que fortalecem a riqueza do patrimônio cultural brasileiro. No entanto, são eles os que mais sofrem com o modelo produtivo de destruição da natureza.
Destaque 05: As questões apresentadas indicam a necessidade de políticas públicas voltadas para a conservação ambiental na ASD, em busca de dirimir os fatores da desertificação e das mudanças do clima. Devem ser pensadas para recuperar, conservar e proteger a natureza, bem como repercutir positivamente nas condições de vida das populações, sobretudo as mais vulneráveis, que historicamente sofrem com a expropriação ambiental na ASD.
Por uma Governança Climática da Transparência
Para a coordenação cientifica da Associação de Pesquisa Iyaleta, a pesquisa é de suma importância para os compromissos do Estado Brasileiro que, no mês de outubro, reapresentou as contribuições nacionais determinadas (NDC’s) na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). Sendo também uma responsabilidade dos governos subnacionais (estados e municípios), com a recuperação e conservação dos biomas Caatinga e Cerrado pela eliminação do desmatamento legal e ilegal para controle da perda das áreas áridas pela desertificação e cuidado com as condições de vida das populações urbanas e dos povos e comunidades tradicionais, com atenção às comunidades e territórios quilombolas, às comunidades de fundo e fecho de pasto, às terras dos povos indígenas que, em retomadas históricas, restabeleceram os territórios pelo direito originário e o grande patrimônio histórico, cultural e ambiental do Semiárido brasileiro.
Adaptação climática
“Temos no estudo uma contribuição para os planos setoriais de adaptação climática e se torne um instrumento de mapeamento das perdas e danos, contribuindo com as organizações e instituições públicas e privadas na reparação e eliminação das desigualdades, devido às ações humanas e aos fenômenos climáticos e hídricos que avançam na Caatinga e levaram à redução das aridezes do Semiárido, à redução da poligonal da ASD e ao aumento da Desertificação no território nacional”, afirma Diosmar Filho, líder da pesquisa “Desigualdades e Mudanças Climáticas” da Associação de Pesquisa Iyaleta.
Autor do estudo, o geógrafo Israel Oliveira Jr afirma que as questões apresentadas nesta pesquisa indicam a necessidade de políticas públicas voltadas para a conservação ambiental na ASD, que busquem de dirimir os fatores da desertificação e das mudanças do clima. Devem ser pensadas para recuperar, conservar e proteger a natureza, bem como repercutir positivamente nas condições de vida das populações, sobretudo as mais vulneráveis, que historicamente sofrem com a expropriação ambiental na ASD.
Acesso ao Caderno Iyaleta Vol. 05