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Pesquisadoras da Iyaleta lideram módulo de saúde da população negra em curso online e gratuito da Fiocruz sobre enfrentamento ao estigma e discriminação em serviços de saúde

O Módulo 4 “Estigmas relacionados a condições específicas: População Negra” do curso “Enfrentamento ao estigma e discriminação de populações em situação de vulnerabilidade nos serviços de saúde”, lançado em dezembro de 2022 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministério da Saúde (MS) tem como líderes a pesquisadora e epidemiologista Emanuelle Góes e o pesquisador e sanitarista Diogo Sousa. O curso online e gratuito tem a finalidade de qualificar trabalhadores (as) da saúde sobre a influência do estigma e da discriminação no processo de cuidado em saúde, instrumentalizando-os para uma atenção inclusiva, humanizada, interseccional e não discriminatória em relação às IST, HIV/Aids, Hepatites Virais, Micoses Endêmicas, Tuberculose e Hanseníase.

A pesquisadora e o pesquisador foram convidados para escrever o módulo 04 a partir da expertise de ambos e pelo reconhecimento como especialistas na agenda de saúde da população negra. Segundo Diogo Sousa, a questão racial e o impacto do racismo são questões centrais para pensar a saúde. “No curso, Emanuelle Góes e eu apresentamos um conjunto de dados e de acúmulo intelectual de pensadoras e pensadores negros para qualificar essa discussão e a leitura sobre a situação do estigma e discriminação. A qualificação dessa temática a partir dos critérios raciais, e de outros marcadores da diferença, é fundamental para desuniversalizar noções que reificam estratégias que não alcançam as realidades experimentadas pela população negra e determina lugares de hiper vulnerabilidade”, explica Diogo, que é doutorando em Saúde Pública e Mestre em Saúde Comunitária pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.

 

Linha de pesquisa “Equidade e justiça de gênero”

Voltado para profissionais de saúde, estudantes e interessados na temática, o curso está dividido em cinco módulos, 17 aulas e 35h de carga horária, com emissão de certificado, sendo totalmente online e gratuito. Em cada módulo, uma pessoa especialista no tema a ser abordado foi convidada para escrever o material que está disposto em formato EAD. Para a pesquisadora Emanuelle Góes, a discussão sobre as desigualdades raciais e de gênero são  questões centrais e fundamentais nas diversas atuações, pesquisas e cursos da Associação de Pesquisa Iyaleta. “Isso é muito importante para nós enquanto Iyaleta. E como essa iniciativa, com esse resultado do módulo, também colabora para a linha de pesquisa que eu lidero ‘Equidade e justiça de gênero’”, enfatiza Emanuelle, que é pesquisadora Pós-Doc (CIDACS/Fiocruz/Bahia), Fellow do Ubuntu Center on Racism, Global Movements & Population Health Equity (Drexel University Dornsife School of Public Health/EUA) e doutora em Saúde Pública com concentração em Epidemiologia (ISC/UFBA).

A linha de pesquisa “Equidade e justiça de gênero” é uma das confluências da plataforma de ciências da Iyaleta, que foca na produção dos conhecimentos e das ciências desde uma cosmopercepção da corporeidade como meio de mudança por uma sociedade que reconheça as trocas de saberes em confluência. De acordo com o pesquisador Diogo Sousa, para a produção do material do Módulo 04 foi pautada na configuração sociorracial brasileira. “Discutimos como o projeto de nação foi organizado como um projeto genocida que expõe pessoas negras a inúmeros vilipêndios e resulta no quadro de profundas desigualdades, respaldadas em legalismos e pelo racismo científico, em todo o seu curso de vida. Não é à toa que ainda pautamos, sobremaneira, os desfechos de morte cujas causas são evitáveis, preveníveis e tratáveis, um registro de violência e descaso com a vida da população negra”, ressalta.

Atenção à saúde de diversos grupos sociais

Além de Emanuelle Góes e Diogo Sousa, participam como autores do curso: Simone Monteiro, Wilza Villela; Fernando Seffner; Miriam Ventura;Mauricio Pompilio; Carmen Lucia de Santana; Francisco Inácio Bastos; Angelo Brandelli; Laurinda Rosa Maciel; Hugo Perazzo Barbosa; Rodrigo da Silva Escada; Nilo Martinez Fernandes; Braulina Aurora; Felipe Milanez; Daniel Canavese de Oliveira; Carla Pereira Rocha; Ivia Maksud e Veriano Terto Jr.

Além da temática da saúde da população negra no curso “Enfrentamento ao estigma e discriminação de populações em situação de vulnerabilidade nos serviços de saúde”, foram abordados temas e direcionamentos como: Trabalhadoras(es) do sexo e cuidados em saúde; Pessoas privadas de liberdade; População indígena; População LGBTQIA+; Pessoas acometidas pela hanseníase e seus familiares e pessoas acometidas pelas micoses endêmicas; Pessoas em situação de rua, entre outros. O curso conta ainda com evidências científicas nacionais e internacionais, focadas nos avanços em relação ao enfrentamento das vulnerabilidades sociais.

A formação é uma realização da Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Campus Virtual Fiocruz e a Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência, em parceria com Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS).

 

Para ter acesso ao curso online e gratuito basta clicar em:

https://mooc.campusvirtual.fiocruz.br/rea/fiocruz-estigmas/


Texto: Juliana Dias (Jornalista e Coordenadora de Comunicação da Confluência Iyaleta)