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Associação de Pesquisa Iyaleta lança análise sobre os impactos das mudanças climáticas na população urbana do município de Porto Velho (Rondônia)

Estudo revela a intersecção das dimensões climáticas na capital porto-velhense, devido às desigualdades urbanas, desmatamento florestal e aquecimento da superfície; Desafios para políticas e ações de adaptação às mudanças do clima.

 

 

Analisar como as mudanças climáticas impactam a vida das populações urbanas dos municípios da Amazônia Legal são os desafios e achados dos estudos empreendidos pela Iyaleta – Pesquisa, Ciências e Humanidades, que lança no dia 31 de agosto, o Caderno Iyaleta Vol. 04 “Impactos das Mudanças do Clima na Urbanização Desigual de Porto Velho (Rondônia)”.

 

A análise socioespacial é o oitavo estudo da Associação de Pesquisa e integra o Projeto Amazônia Legal Urbana – Análises Socioespaciais de Mudanças Climáticas, uma realização da confluência de pesquisadoras Iyaleta, em parceria com o Instituto Mídia Étnica (IME) e com apoio institucional do Instituto Clima e Sociedade (iCS). 

 

O Caderno Iyaleta Vol. 04 analisa  como o plano diretor aprovado pelo município de Porto Velho ordena o território urbano e contribui e aprofunda as desigualdades raciais, étnicas e de gênero, em meio aos desafios de propor ações diante dos efeitos e impactos das mudanças climáticas nessa década. De acordo com a coordenação científica da Iyaleta e líderes do estudo, formada pelas pesquisadoras Andrêa Ferreira, Emanuelle Góes e Diosmar Filho, as dimensões dos eventos climáticos extremos nas áreas urbanizadas de Porto Velho são reconhecidas pelas rugosidades da formação urbana do município. 

 

“A capital do estado de Rondônia já está sob impacto do aquecimento da superfície, devido à segregação e aos crimes de desmatamento da floresta Amazônia, que colocam em desigualdades a maioria populacional pelas condições de saúde, saneamento e abastecimento de água, na distribuição de renda e trabalho, nas condições de moradia, pela poluição atmosférica, no acesso à terra ocupada”, destaca a coordenação científica da Iyaleta. 

 

A metodologia de análise socioespacial das desigualdades e mudanças climáticas é estruturada a partir do levantamento de documentos públicos e produções científicas do campo da climatologia; levantamento e análise de dados públicos e de base territorial; a compreensão e produção de tabelas, gráficos e mapas temáticos; encerrando com a análise socioespaciais e epidemiológicas das desigualdades urbanas considerando as dimensões raciais e de gênero, e políticas públicas de ordenamento territorial frente às necessidades e urgência de se elaborar e efetivar ações de enfrentamento as às mudanças do clima, conforme aponta o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) “Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade” do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC (2022).       

 

 

Sobre a pesquisa de Porto Velho

 

No Caderno Iyaleta Vol. 04, as pesquisadoras identificaram que são as mulheres  Negras e Indígenas porto-velhense, são as mais impactadas pelas mudanças climáticas em decorrência das desigualdades existente, devido a falta de acesso às condições básicas de direitos humanos, como saneamento básico, abastecimento de água, moradia e acesso aos serviços de saúde. 

 

E alerta para a necessidade das instituições públicas estadual e municipal planejarem e executarem ações de adaptação que alcance que tenha como referência as mudanças de precipitação diária, o aquecimento superficial do território, o desmatamento legal e ilegal, as queimadas e taxa elevada de vulnerabilidade humana, para efetividade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima – PNA (Brasil, 2016) e o Pacto Climático de Glasgow – COP26 (2021). 

 

Olhando para metas dos ODS e o PNA, o estudo apresenta como desafio a superação da baixa cobertura dos serviços de atenção básica, pois  mais da metade (56,33%) dos domicílios de Porto Velho nunca haviam recebido visita de Agente Comunitário de Saúde ou de Equipe de Saúde da Família, enquanto apenas 12,29% relataram visitas mensais, em um cenário em que apenas 43,44% dos domicílios porto-velhense estavam cadastrados em Unidades de Saúde da Família. Situação semelhante ocorre quando analisamos os dados sobre frequência de visita de Agente de endemias: Quase 70% dos domicílios da capital Porto-Velho nunca receberam visitas e apenas 0,34% dos domicílios recebem visitas mensais de Agentes de endemias. 

 

O estudo também revela que ha um padrão etnico-racial nos casos das arboviroses (dengue e zika virus) em que mais de 60% são de mulheres negras e homens negros apresentando mais que o triplo da proporção de casos registrados se comparados às mulheres Brancas e homens Brancos. A população Negra vive em piores condições de moradia e saneamento básico e consequentemente é mais afetada pelas arboviroses. Esta situação é o resultado das desigualdades étnico-raciais e de gênero e da urbanização desigual.

 

Em relação a urbanização desigual, o estudo chama a atenção para a densidade populacional no Distrito de Porto Velho e as áreas de risco passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais. Na área urbanizada no Distrito de Porto Velho de aproximadamente 96,42 km² (0,28% do território municipal) a densidade populacional era de 4.010 hab./km² (altamente denso), nessa o serviço de esgotamento sanitário adequado alcançava apenas 42,80% da população e as vias públicas urbanizadas alcançava apenas 21,70% do perímetro urbano.

 

Este é o oitavo estudo da pesquisa “Amazônia Legal Urbana”. Desde outubro de 2020 foram pesquisadas as cidades de Belém (no Pará), Macapá (Amapá), Manaus (Amazonas), São Luís (Maranhão), Rio Branco (Acre), seguindo por Boa Vista (Roraima) e Cuiabá (Mato Grosso). Todos os estudos  estão disponíveis para download no site do projeto e no site da Associação de Pesquisa Iyaleta, e buscam contribuir com a revisão/elaboração de Planos Diretor Urbano e políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas no espaço urbano da Amazônia Legal. 

 

Sobre as Pesquisadoras líderes do estudo

 

Andrêa Ferreira – Epidemiologista. Pesquisadora da Confluência IYALETA- Pesquisa, Ciências e Humanidades. Pós-Doc Ubuntu Center on Racism, Global Movements & Population Health Equity (Drexel University/EUA). Pesquisadora associada ao Cidacs/Fiocruz-Ba. Doutora em Saúde Pública e Mestra em Nutrição, Alimentos e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Emanuelle Góes – Epidemiologista. Pesquisadora da Confluência IYALETA – Pesquisa, Ciências e Humanidades. Pós-Doc no Cidacs/Fiocruz-Ba. Fellow Ubuntu Center on Racism, Global Movements & Population Health Equity (Drexel University/EUA). Doutora em Saúde Pública e Mestra em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Diosmar Filho – Geógrafo. Pesquisador da Confluência IYALETA – Pesquisa, Ciências e Humanidades. Doutorando em Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

 

SERVIÇO

O quê: Lançamento Caderno Iyaleta Vol. 04 “Impactos das Mudanças do Clima na Urbanização Desigual de Porto Velho (Rondônia)”.

Onde: 31 de agosto (quarta-feira), às 10h

Quando: Webinário no Youtube “Iyaleta – Pesquisa, Ciências e Humanidades”