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Nova pesquisa do projeto “Amazônia Legal Urbana” traz os impactos das mudanças climáticas em Cuiabá (MT)

O webinário “Mudanças Climáticas na Amazônia Legal Urbana: Cuiabá (Mato Grosso)”, que aconteceu na quarta-feira (16 de março), promoveu o lançamento do Caderno Iyaleta Vol. 02. A atividade contou com a presença das pesquisadoras do projeto Amazônia Legal Urbana, as epidemiologistas Emanuelle Góes e Andrêa Ferreira, a sanitarista Terezinha de Jesus e o geógrafo Diosmar Filho, além da presença de Nara Nascimento, enfermeira sanitarista, técnica da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá e Coordenadora do Comitê Técnico de Saúde da População Negra de Cuiabá.

 

debate se aprofundou sobre as desigualdades, dimensões das mudanças do clima e infraestrutura urbana de Cuiabá, uma cidade pertencente a Amazônia Legal, que tem como seu principal foco econômico a agroindústria, responsável por impactos de curto prazo climático na bacia do Rio Cuiabá, levando erosividade e degradação ambiental.

 

As pesquisadoras enfatizaram o desafio de trazer o debate de mudanças climáticas na região amazônica evidenciando as cidades, populações e as suas vulnerabilidades. “Chama atenção a não disponibilidade de dados relativos à população urbana desagregadas por raça, etnia e sexo. Isso dificulta, e máscara em certa medida, o real efeito dos impactos das mudanças climáticas nas taxas de incidência das arboviroses e na mortalidade infantil” comenta Diosmar Filho, geógrafo e pesquisador.

 

A epidemiologista e pesquisadora Emanuelle Góes destacou que em Cuiabá quase 40% dos domicílios estão cadastrados na Unidade de Saúde da Família, porém 38,99% nunca recebeu visita dos agentes comunitários. Esses dados demonstram que há uma evidente desigualdade no acesso aos serviços de saúde no munícipio. “O território cuiabano precisa ser analisado frente as mudanças climáticas tendo como base o Plano Diretor do município”, enfatiza Andrêa Ferreira, epidemiologista e pesquisadora.

 

Durante o webinário, a enfermeira sanitarista convidada, Nara Nascimento, ressaltou a importância do estudo conduzido pelo projeto Amazônia Legal Urbana “é um estudo importante que traz informações e dados bastante interessantes e úteis para saúde e todos os setores urbanos da cidade. Para nós que moramos aqui, estamos vendo o quanto está defasado o plano diretor do município, não há ligação com a questão da urbanização diretamente e questão de serviços urbanos, nós saímos de uma Cuiabá: a cidade verde para a cidade calorosa” comenta a sanitarista.

 

Há vinte anos foi formulado o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá (1992), em 2007 esse plano foi revisado e de acordo com o estudo, a revisão aprovada não foi capaz de reduzir as desigualdades raciais, étnicas e de gênero. Para a sanitarista, Nara Nascimento, o plano diretor da cidade de Cuiabá não dialoga com os direitos humanos fundamentais e com as mudanças climáticas, os projetos de urbanização e serviços estão condicionados a uma lógica de viabilidade geográfica e política, não há fundamentação em estudos epidemiológicos e a necessidade da população.

 

As análises para a cidade de Cuiabá nos mostram um cenário desfavorável nas condições de moradia e saúde, com concentração dos piores indicadores entre a população Negra e Indígena, em particular às mulheres. Isso acende um alerta e evidenciam a necessidade da revisão do plano diretor urbano municipal da cidade e a elaboração do plano territorial de mudanças climáticas com ações de adaptação e resiliência às mudanças extremas do clima, considerando os desfechos em saúde e as desigualdades étnico-raciais e de gênero.

 

A pesquisa “Dimensões e Impactos das Mudanças do Clima na Cidade Desigual de Cuiabá (Mato Grosso)” apresentada no webinário contribui na formulação de ações de adaptação e enfrentamento das desigualdades no território municipal.

 

 


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